Profissão de Recursos Humanos: os aspectos do recrutamento online

Hoje, estamos vivendo profundas ressignificações e reinvenções em diversos setores da economia, provocadas pela pandemia do novo coronavírus. Recursos Humanos é uma boa profissão para visualizar essas mudanças.

Os processos trabalhistas também estão mudando, seja com a implementação do home office ou, ainda, das entrevistas virtuais. Seja qual for o cenário da pós-pandemia, os gestores de RH devem estar preparados para enfrentar algumas dificuldades no processo de adaptação, inclusive nos cursos superiores em RH, que serão cada vez mais importantes para a atualização dos profissionais da área.

Conversamos com a professora mestra Andressa Maurício, docente dos cursos de graduação em Gestão na Faculdade Phorte e profissional com ampla experiência prática,  para entender melhor sobre o que fazer e falar em uma entrevista online, e também sobre a profissão de Recursos Humanos nesse novo contexto. Confira:

Geralmente, como acontecem as dinâmicas de videoentrevista?

As entrevistas por vídeo seguem o mesmo padrão das entrevistas presenciais; a única diferença é que o selecionador deve ter um pouco mais de tolerância às dificuldades desse tipo de entrevista. Um exemplo: se a internet do candidato estiver ruim, certamente não haverá entrevista, e nós temos que entender e tolerar. Se estou entrevistando um candidato e o filho dele o chama, eu tenho que ter tolerância.

E é interessante e importante que essas dinâmicas aconteçam, para que tenhamos a oportunidade de ver o candidato no seu dia a dia, percebendo como é a sua dinâmica e a sua estrutura familiar. Isso é tão bacana!

Poderia nos dar um exemplo dessa situação?

Quero deixar aqui um exemplo. Eu fiz uma entrevista, eu tinha muita urgência em fechar uma vaga, e o candidato só podia conversar comigo em um sábado à tarde. Então, eu agendei a entrevista conforme essa necessidade. A internet dele estava péssima, e ele pediu muitas desculpas. Mas nós não tínhamos outro dia para fazermos esse encontro, então ele saiu de casa com o carro, foi até um local onde a internet do celular pegasse bem, e fizemos toda a entrevista com ele dentro de um carro, por 50 minutos. E foi uma das melhores entrevistas que eu já tive a oportunidade de fazer com um candidato, não por mim, mas por ele. O candidato ficou tão à vontade, pediu muitas desculpas, mas ao mesmo tempo se sentiu muito à vontade por estar ali naquele contexto. Foi muito positivo e muito bacana. E a devolutiva também foi muito legal. Quando o candidato percebe que o selecionador quer de fato e tem interesse em fazer a entrevista sem a formalidade de estar dentro de uma sala fechada, as coisas fluem de uma maneira muito positiva.

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Como os gestores de RH avaliam essas entrevistas? Os critérios são diferentes das entrevistas presenciais?

A grande maioria dos gestores de RH percebe ganhos. Os critérios são os mesmos, mas nós conseguimos captar fatores diferentes. Tem fatores no presencial que não conseguimos identificar no online, e o online nos dá a oportunidade de perceber coisas que presencialmente não perceberíamos.

Então, é um tanto diferente, porém, o candidato, quando está em seu ambiente pessoal, em casa, tem um certo conforto, no sentido de ele se sentir mais à vontade. E assim, conseguimos captar um pouco mais da essência do candidato.

Quanto aos gestores de área, os requisitantes das vagas, eles ainda podem ter alguma dificuldade nas entrevistas virtuais pela falta de hábito, pois ainda não se adaptaram completamente. Mas é fato que tanto para os gestores de área quanto para os gestores de recursos humanos, existe um grande ganho, que é o ganho de tempo. Isso é fundamental, e é o maior ganho de todos. Presencialmente, não conseguiríamos fazer tantas entrevistas como fazemos online. É um processo que flui mais rapidamente.

Você pode, por gentileza, dar algumas dicas essenciais sobre como se sair bem numa entrevista de emprego online?

Primeira dica: a vestimenta. Vista-se como se fosse para uma entrevista presencial. Algumas pessoas entendem que, por estarem em casa, não precisam ter todos esses cuidados, mas precisam sim, porque o selecionador quer conhecer o candidato como profissional, além de como pessoa.

Segunda dica: esteja em um ambiente adequado. Cuidado com os fatores de distração. Nós sabemos que estar em casa nos remete a diversas possibilidades de distração: é a televisão ligada, é o cachorro latindo, é a criança brincando, outras pessoas conversando, celular tocando etc. Tudo isso gera a possibilidade de o entrevistado se distrair numa resposta, num pensamento ou num raciocínio. Não é nem a questão do barulho em si, porque isso é natural, e nós entendemos como selecionadores; mas é a questão do raciocínio mesmo.

Um dos grandes ganhos da entrevista virtual é sentir a própria essência pessoal do candidato. Então, a terceira dica que eu deixo aqui é: use a sua naturalidade com todos os cuidados, afinal, é uma entrevista para uma oportunidade profissional, que requer cuidados e uma postura profissional. Contudo, seja você mesmo, seja natural, pois isso é o mais importante em qualquer entrevista.

Como as empresas estão ressignificando as entrevistas neste momento de pandemia?

O momento em que nós estamos trouxe, de fato, algumas transformações para as empresas. Essas transformações fizeram com que algumas delas tivessem alta demanda em seus processos seletivos.

Podemos citar algumas empresas do segmento da saúde, algumas empresas da área educacional, como uma escola que precisou adequar todo o seu processo pedagógico para o EAD [ensino a distância]. Essa escola certamente precisou muito de profissionais da área de T.I. [Tecnologia da Informação]; ou, ainda, uma empresa que teve um alto número de dispensas certamente precisou de pessoas da área de Departamento Pessoal.

Enfim, os processos não foram paralisados, embora muitas pessoas entendam que sim. Eu tenho ouvido muitos profissionais dizendo: “Não é o momento de enviar currículo, vou precisar esperar a pandemia acabar”. Pelo contrário! É hora de movimentar sua carreira, porque tem muitas empresas, sim, que estão movimentando seus processos.

Qual a importância da tecnologia nesse processo?

As empresas têm adequado esse movimento, e, para isso, a tecnologia tem sido fundamental, porque hoje os processos se tornaram virtuais. Algumas empresas ainda conduzem os processos da forma presencial, com todos os cuidados: modificaram as salas para que fossem ambientes mais arejados, espaçosos, com máscara e uso de todos os recursos possíveis para a prevenção do novo coronavírus.

Contudo, a grande maioria tornou seus processos, de fato, processos online, e, para isso, os recursos tecnológicos são importantíssimos: WhatsApp, Zoom, o próprio Skype, Meet (do Google) são diversas ferramentas.

E o que eu tenho sentido é que o processo seletivo em EAD tem possibilitado a observação de alguns fatores que, presencialmente, não conseguíamos observar, como, por exemplo, o candidato em seu ambiente pessoal; então, nós tínhamos a possibilidade de vê-lo 100% profissional, agora não.

Em relação a muitos dos meus candidatos, tenho contato com a família, tenho contato com os filhos, e o candidato me apresenta a eles. Então, eu consigo entender um pouco da dinâmica pessoal, e isso tem agregado muito valor aos processos.

Como o profissional de Gestão em RH pode manter-se atualizado nessas novas tendências do mercado, inclusive as entrevistas por videoconferência?

Esse momento nos tem propiciado inúmeras fontes de desenvolvimento e de atualização. São: cursos, artigos, lives, palestras, entrevistas… Temos muitas fontes de informação. Com a pandemia, parece que isso se fortaleceu; quem não navegou nessa onda e não aproveitou perdeu uma grande oportunidade de desenvolvimento. Para o profissional de Recursos Humanos, isso é imprescindível, porque o RH está passando por transformações importantes nesse momento.

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Como o profissional pode manter-se atualizado nesse momento? Buscando informações sobre sistemas de Gestão de Recursos Humano! Por exemplo, se é uma pessoa que atua em Treinamento e Desenvolvimento, buscar materiais sobre isso, procurar entender como as empresas têm se adaptado, buscar grupos de RH que tenham trocas de experiências e cases de sucesso agora na pandemia. Isso é fundamental, não só para Recursos Humanos, mas para qualquer área.

Nós não sabemos como será o cenário pós-pandemia, nós imaginamos. Por isso, quanto melhor estivermos em termos de atualização, mais contribuições poderemos agregar na organização, e mais aumentaremos nossa empregabilidade.  

Sobre a professora mestra Andressa Maurício

Consultora empresarial, leader coach, life coach, palestrante e docente de MBA em Administração e em Psicologia Organizacional, com 19 anos de atuação profissional em gestão de pessoas, desenvolvimento de pessoas, seleção estratégica e consultoria empresarial em RH. Tem mestrado em Gestão de Pessoas, MBA em Gestão de Pessoas e Pós-Graduação em Psicologia Organizacional e em Gestão de RH. É pós-graduanda em Psicologia Positiva e graduanda em Comunicação Social.

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