O papel do pedagogo e do auxiliar de sala na Educação Infantil

Na Educação Infantil, o papel do pedagogo e do auxiliar de sala  tem extrema influência na vida do bebê ou da criança. Nesse contexto, o pedagogo atua na função de professor(a) e o auxiliar de sala, que, em teoria, deveria assistir o professor e a criança no seu desenvolvimento, faz as tarefas do cuidado corporal.

Esses papéis, no entanto, precisam ser bem estruturados, principalmente porque quem cuida cria o vínculo com a criança. O vínculo, por sua vez,  é imprescindível para uma educação efetiva.

Nesse sentido, no cotidiano educacional da primeira infância, sobretudo no que se refere aos cuidados com as crianças e à educação de 4 a 5 anos, há “duas realidades”. Elas, contudo, opõem-se: a realidade desejada, aquela preconizada pelos livros, pelas graduações e pelos estudos científicos, e a realidade que, de fato, acontece.

Para saber como essas situações impactam a Educação Infantil, a importância do cuidado e como um papel bem definido é realmente importante para a prática pedagógica, continue a leitura.

“As duas realidades” do papel do pedagogo e do auxiliar de sala 

Como mencionado, há “duas realidades” que se apresentam no cotidiano escolar: a que seria ideal e a que é, de fato, praticada.

No âmbito do que de fato acontece, os cuidados com os bebês e as crianças pequenas, em geral, ficam sob a responsabilidade do auxiliar de sala. Em outras palavras, é o assistente quem troca a fralda, dá banho, oferece a alimentação e cuida da criança em suas necessidades mais básicas. Já o pedagogo, ou o professor de Educação Infantil, restringe-se ao trabalho que entende ser essencialmente pedagógico, como dar aulas teóricas e distribuir atividades.

O papel do pedagogo e do auxiliar de sala apresentam-se assim porque o ato de cuidar, quando se refere a necessidades básicas, é desvalorizado. Esse pouco prestígio se dá porque a dimensão do cuidado não é vista como realmente importante para o desenvolvimento infantil. Isso afasta o pedagogo e o auxiliar da realidade desejada: a de cuidar e educar ao mesmo tempo.

No plano ideal, o papel de cuidado é também do professor. O auxiliar tem o importante papel de contribuir com o trabalho do professor, auxiliando-o no acompanhamento da turma e dos pequenos grupos. Com essa ajuda, o docente pode dar a devida atenção às crianças de maneira individualizada. Esse quadro é considerado o ideal, pois é nesse momento de aproximação individual que o vínculo é criado.

A realidade desejada, entretanto, é possível de ser alcançada quando o pedagogo entende a sua função e toma para si essa responsabilidade, porque compreende que a educação integral dos bebês e das crianças pequenas passa pelo cuidar e educar indissociáveis.

Antes de abordarmos especificamente o papel do pedagogo e do auxiliar de sala na Educação Infantil, apresentaremos as concepções que atrapalham essa distribuição ideal.  

Concepções sobre a Educação Infantil

As concepções sobre a Educação Infantil mudam conforme os anos passam. Antigamente, e, em muitos lugares, até hoje, há uma concepção de que os bebês e as crianças pequenas não pensam. Isso significa que eles não são considerados seres racionais, dignos de vontade ou entendimento. Essa visão é notável por alguns pontos, como o fato de que durante muitos anos, na maioria das creches, não havia professores(as), já que o bebê só era considerado um ser pensante apenas depois que aprendia a falar e a andar.

Contudo, o bebê, no primeiro ano de vida, é profundamente dependente do adulto para sobreviver, e, somado a isso, não domina uma linguagem de compreensão imediata, o que o faz usar seu corpo para se comunicar. Assim, ele observa e comunica-se por meio de gestos, de choros, de movimentos, da vocalização, isto é, o seu corpo é seu meio de comunicação. Esse momento, segundo Vygotsky (1996), mostra o início da vida psíquica individual.

Esse desenvolvimento continua, porque o bebê percebe o mundo ao seu redor e busca formas de se relacionar com ele. Se, no início, as reações são emocionais e espontâneas, com o tempo, o bebê molda e desenvolve sua comunicação conforme interage com os adultos que cuidam dele. Assim, se ele sente fome, chora, e uma pessoa lhe dá mamadeira, ele compreende que o choro é seu modo de se fazer entender.

Dessa maneira, percebe-se o equívoco dessa visão de que os bebês não pensam, pois eles, além de pensarem, conseguem desenvolver formas de comunicação para receberem atenção. Assim, o papel do pedagogo e do auxiliar de sala precisam de definição clara para atenderem as necessidades do bebê. 

O problema da concepção distorcida

Esse tipo de pensamento evidencia uma concepção pedagógica que reduz o valor dos cuidados com o corpo do bebê e da criança pequena. Consequentemente, o pedagogo se afasta de um dos momentos mais cruciais da Educação Infantil.

Esse afastamento também acontece porque algumas escolas de Educação Infantil fazem um projeto pedagógico focado na transferência de conteúdo. O problema aqui é considerar que as crianças bem pequenas aprendem de modo similar às mais velhas ou aos adolescentes, o que não ocorre.

Por causa disso, as práticas de cuidado não ficam a cargo do pedagogo, mas do auxiliar de sala , o que gera entraves no trabalho pedagógico. A definição do papel do pedagogo e do auxiliar, assim, é fundamental para uma aprendizagem efetiva durante a Educação Infantil.

O papel do pedagogo na Educação Infantil

Como visto, os bebês e as crianças pequenas pensam, entendem e comunicam-se com o mundo de modo próprio. Logo, eles entendem o que acontece ao seu redor e podem, por exemplo, aprender também com conteúdos que saem do contexto da grande mídia. 

Desse modo, é imprescindível que o pedagogo compreenda a concepção de currículo da infância hoje vigente. Além disso, é importante que ele saiba desenvolvê-lo de forma a não reproduzir os clichês das mídias de massa, como o universo limitado das músicas de palhaços, do desenho com galinha. Isso se estende, inclusive, aos valores veiculados voltados à formação consumista e não cooperativa, entre outros.

Portanto, as práticas pedagógicas desenvolvidas pelo professor precisam “articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico” (DCNEI – BRASIL, 2010, p. 12), trabalho este que requer formação profissional de qualidade, em razão de sua complexidade.

Para a aprendizagem efetiva, contudo, é importante que a criança confie no professor. Essa confiança ocorre por meio dos vínculos formados entre eles. Esses vínculos, por sua vez, formam-se também nos momentos de cuidado corporal.

Entretanto, como se criou historicamente uma imagem de que cuidar significa desprofissionalização, o pedagogo, muitas vezes, transfere a responsabilidade de cuidar ao auxiliar. Isso ocorre porque há uma crença de que sua função é “dar aula”. Sabemos que há um equívoco nesse pensamento, já que bebês e crianças pequenas não assistem a aulas, tampouco aprendem separando o corpo da mente e das emoções.

Assim, o papel do pedagogo realmente comprometido com a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças e dos bebês é o de cuidar e educar de forma indissociável.  

 O papel do auxiliar de sala na Educação Infantil

A primeira informação que deve ficar clara é que o auxiliar de sala está a serviço da criança e não do pedagogo. Ou seja, o papel do auxiliar de sala na Educação Infantil  é o de trabalhar em conjunto com o professor e não para ele. 

Por isso, as funções só são bem definidas com bom planejamento entre pedagogo e assistente, para que não haja improvisos durante a execução das tarefas.  Dessa forma, o auxiliar de sala deve manter um diálogo constante com o professor, compartilhando informações e o ajudando com as tarefas regulares. 

Contudo, ajudar não é fazer o trabalho do professor. Em São Paulo, a Instrução Normativa de 2021, inclusive, indicou que o papel do auxiliar é ajudar alunos e professores. Desse modo, ele deve cuidar das crianças no intervalo e no sanitário, arrumar a classe, fornecer materiais pedagógicos e apoio às crianças. Tudo isso conforme pedido dos professores para contribuir para a organização da instituição. Em nenhuma circunstância os auxiliares poderão ficar responsáveis pela classe.

Sendo assim, o papel do auxiliar é cuidar das outras crianças enquanto o pedagogo tiver o momento de cuidado corporal com algum dos alunos, oferecendo o apoio às crianças conforme solicitado. É possível, inclusive, que algumas atividades sejam revesadas  para que haja um bom andamento das práticas pedagógicas. 

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A definição do papel do pedagogo e do auxiliar de sala para a criação do vínculo

A relação entre cuidar e educar torna-se indissociável, pois, quanto menor for a criança, maior será a demanda por cuidados corporais. Assim, quanto maior esse cuidado,  mais forte o vínculo se torna. Por causa disso, quando o auxiliar de sala tem a função do cuidado corporal, ele se torna a preferência do pequeno. 

Essa preferência da criança pelo auxiliar em vez do professor acontece porque ela entende que quem cuida dela de fato preocupa-se com ela Assim,  como o auxiliar de sala zela por ela, ele se torna sua referência de segurança. 

Isso acontece porque a criança desenvolve seu corpo pelas interações com outras pessoas. Esse processo ocorre gradualmente, quando outros indivíduos se envolvem em trocas emocionais e de suporte pelo toque ou pelo contato visual. As trocas afetivas permitem que o sujeito (nesse caso, bebês e crianças pequenas) se desenvolva, estabeleça conexões e construa vínculos.

O vínculo entre professor e aluno enfraquece quando o pedagogo desconhece essa realidade. Assim, por desconhecer,  decide que é melhor ensinar conteúdo do que ter contato com a criança. Na ânsia de ensinar, muitas vezes, esse pouco conhecimento atrapalha o próprio processo de aprendizagem. Isso porque o educador acredita que precisa “entregar a folhinha” em vez de se dispor a participar de momentos como o de troca de fralda.

Como todo aprendizado passa pelo corpo, a aprendizagem só ocorre quando é incorporada. No caso da criança, ela se movimenta e aprende por meio de seus sentidos, expressando em seu corpo suas vontades e sentimentos positivos e negativos. Assim, caso o pedagogo não tenha o contato com a criança, as chances de ela aprender se reduzem,

Dessa forma, o cuidado com o corpo da criança é essencial para que haja a formação do vínculo afetivo. Nota-se, assim, que não há aprendizagem se não existir envolvimento.

Os cursos de Pedagogia

A nova legislação que orienta os cursos de Pedagogia em nosso país propõe superar o modelo generalista de formação de professores para a Educação Básica. O diferencial do curso de Pedagogia da Faculdade Phorte está na proposta de formação de professores já adequada a essa nova legislação. A graduação Phorte está voltada para a Educação na Primeira Infância (0 a 5 anos), a fim de que o futuro professor compreenda profundamente essa fase de extrema importância na educação infantil. 

Compreender essa fase do desenvolvimento é uma forma de cuidar bem. Essa é uma maneira de construir vínculos, o que é essencial para garantir uma Educação de qualidade aos bebês e às crianças pequenas.  A Phorte garante que o pedagogo formado por nós saberá criar esse vínculo com todo o conhecimento necessário. Assim, além de ser um pedagogo com um diferencial, ele fará, de fato, a diferença na vida das crianças

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