Vamos desmistificar? Conheça os mitos sobre o trabalho de tradução

Você já deve saber que traduzir vai muito além da substituição de uma palavra por outra. Esse processo requer muitas habilidades linguísticas, conhecimento cultural e um entendimento profundo do texto original. Por causa dessas especificidades, muitos mitos rondam o trabalho de tradução.

Os mitos são crenças, geralmente desprovidas de valor moral ou social, desenvolvidas por membros de um grupo. O problema é que, por não corresponderem à realidade, os mitos da área de Tradução atrapalham tanto a vida do tradutor quanto a vida daqueles que querem entrar na profissão.

A melhor forma de desmistificar adequadamente um mito é por meio de informações confiáveis. Por isso, nesse artigo, vamos abordar os principais mitos da área e explicar o motivo pelo qual eles devem ser ignorados.

Então, para saber mais sobre o assunto, continue a leitura.

 O que é um mito?

 A palavra “mito” tem origem grega (mȳthos ou mȳthus) e significa relato fantástico de tradição oral, protagonizados por seres que dão corpo aos fenômenos da natureza. 

Para a antropologia, mito é um relato simbólico, passado de geração em geração dentro de um grupo, que explica a origem de fenômenos, seres ou instituições. Normalmente, essa explicação está relacionada a alguma crença ou a alguma informação que não pode ser explicada objetivamente e com dados científicos.

Os mitos se utilizam de vários mecanismos para se perpetuar. Eles são formados por simbologias, histórias e, às vezes, personagens e elementos sobrenaturais. Tudo isso ajuda a tornar a história mais palpável e, assim, difundir a informação de maneira facilitada.

Segundo Joseph Campbell, em seu livro O poder do mito, o mito consegue capturar as pessoas, porque faz a realidade delas, independentemente de como seja, receber uma explicação. Ou seja, os mitos servem para embasar um ponto de vista ou um comportamento de modo conveniente.

Dentro de um contexto social, o mito também pode ser uma história que explique alguns comportamentos de um grupo. Nesse sentido, ele é considerado como uma interpretação simplificada das ações e dos costumes do grupo ou como uma crença que funciona como suporte para ideias ou posições.

Os mitos sempre têm uma raiz, os chamados “mitos fundadores”. Nessa definição, eles podem organizar-se em algumas categorias, como:

 Mitos de criação: que descrevem a criação do mundo e dos seus fenômenos.

Mitos etiológicos: que explicam o surgimento de um objeto ou de um costume. 

 Quando nos referimos aos mitos sobre o trabalho de tradução, falamos sobre o mito etiológico, que busca justificar alguns comportamentos e crenças limitantes dentro da área. Por isso, a desmistificação é essencial. 

 Mito 1:  Você precisa ser fluente em outro idioma para trabalhar com tradução.

  Saber outro idioma, além da língua materna, é imprescindível, mas não é o bastante.

Para o bom trabalho de tradução, é preciso ter curiosidade sobre o texto que se traduz. Isso significa pesquisar muito para encontrar informações sobre termos específicos e expressões idiomáticas.

Além disso, ter uma extensa bagagem cultural é muito relevante. Com ela, é possível entender nuances e fazer associações pertinentes ao contexto da tradução.

Por fim, o entendimento na língua materna deve ser profundo, pois de nada adianta conhecer a segunda língua sem entender a própria.

 Mito 2: Ser tradutor editorial não compensa. Brasileiro não gosta de ler. 

Sim, é quase um consenso que o brasileiro não gosta de ler. Afinal, segundo pesquisas, o brasileiro lê apenas 2,5 livros por ano.

Ainda que exista essa visão, outros dados mostram que a tradução editorial compensa, e muito. Só em 2022, foram publicados mais de 403 mil novos livros e foram vendidos quase 59 milhões de obras, segundo a pesquisa realizada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e a Nielsen Book.

Nesse sentido, é possível perceber que não ter espaço é um mito. Sabe-se que há espaço para o tradutor e para o trabalho de tradução editorial. Isso porque, para cada livro publicado, há 4 pessoas envolvidas no projeto, principalmente na área de Tradução.

Por causa disso, todos os editores estão sempre atrás de bons profissionais da área.

Mito 3: Os tradutores automáticos podem substituir o trabalho de tradução.

As ferramentas servem para ajudar na tradução. Isso diz respeito, também, às Inteligências Artificiais (IAs), que estão trazendo muita facilidade e inovação. Entende-se, porém, que a tecnologia serve para auxiliar no trabalho da tradução.

Como a linguagem é repleta de nuances culturais, gírias locais e de aplicação em contextos específicos, esses elementos, muitas vezes, escapam das capacidades de uma IA ou de uma ferramenta automática. Nesse sentido, é um mito que elas vão ocupar o trabalho do tradutor.

Ressalta-se que as IAs podem auxiliar na tradução de grandes volumes de texto e agilizar processos. No entanto, é improvável que se tornem substitutas totais dos tradutores humanos, em razão da natureza subjetiva da linguagem e da comunicação.

Contudo, é extremamente importante que os tradutores continuem estudando e se atualizando. Como dito, a tecnologia é uma forma de ajudar a profissão, não de ocupar o lugar dela.

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Mito 4: Submeter um texto à tradução é traição.

A famosa frase “traduzir é trair” enfatiza a complexidade da tradução. Como, obviamente, há palavras que são difíceis de traduzir ou adaptações que precisam ser feitas, essa expressão se refere à concepção de que é difícil ser fiel ao texto original.

No entanto, a ideia de “traição” é muito forte e um pouco fora da realidade, porque, embora a linguagem seja adaptada, ela não altera realmente o texto. A beleza do trabalho do tradutor também reside nisso: alcançar a linguagem mais próxima da original, para que a mesma mensagem seja passada.

Ainda, é válido lembrar que a tradução literal, ao pé da letra, não considera as nuances dos dois idiomas, e isso pode impactar muito mais o sentido do que as adaptações.

Mito 5: Não é preciso se especializar.

Isso é um mito, porque é preciso investir, e muito, na carreira, tanto nos equipamentos quanto na especialização.

Em relação ao espaço, é necessário ter equipamentos, como computadores, fones e cadeiras, além de um espaço adequado para poder fazer a tradução com calma e atenção.

Já na especialização, investir nos estudos é primordial para trazer reconhecimento na carreira. Cursos livres, pós-graduação, participação em eventos e mentorias são estratégias eficazes para conseguir o desenvolvimento profissional.

Destaca-se que isso é natural, pois, da mesma forma que outros profissionais se especializam constantemente, o tradutor também precisa. Quando não se tem muito para investir, é possível buscar cursos mais acessíveis, utilizar ferramentas gratuitas e, até mesmo, fazer mentorias, como as da Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes (Abrates), que oferece mentoria gratuita para os associados.

Lembre-se de que, com o tempo, todo o investimento dará retorno, já que isso aumentará a autoridade como profissional da área.

Mito 6: Você só vai traduzir o que gosta.

Independentemente da área, principalmente no início da carreira, todos vão traduzir o que não gostam.

Se for um tradutor de séries e filmes, vai traduzir os gêneros de que gosta e de que não gosta. Isso também acontece com os tradutores literários, pois nem sempre os livros oferecidos são interessantes para o profissional. 

Saber isso é importante para não criar a ilusão de que a tradução ocorrerá apenas com materiais interessantes. Ainda que a escolha do tradutor seja por uma área de que ele goste, haverá as partes não tão agradáveis, como em todas as outras profissiões. 

Mito 7: Não precisa de diploma para ser tradutor.

Embora a profissão de tradutor não tenha legislação nem regulamentação específica, as boas oportunidades de emprego sempre encontram os profissionais com diploma.

Um diploma em Tradução é a certificação de que você estudou e se preocupou com o seu desenvolvimento profissional. Além disso, muitas grandes empresas da área de tradução querem profissionais diplomados, porque isso garante certificações de qualidade, como a ISO 17100, para a própria organização.

Por isso, para desmistificar essas afirmações sobre a área de Tradução, a Faculdade Phorte oferece a Graduação em Tradução e Interpretação Português/Inglês. Durante os três anos de curso, você vai aprender com profissionais de renome da área, utilizando as principais ferramentas do mercado, para se tornar um tradutor completo e totalmente adaptado ao mercado da Tradução.

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