Saúde mental e trabalho: como o RH pode promover a saúde mental dentro das empresas

Para termos uma ideia da relevância da temática, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS):

• Ansiedade: são 18,6 milhões de brasileiros que sofrem desse mal, o que implica dizer que 9,3% da população convive com o transtorno de ansiedade, o maior número de pessoas com ansiedade do mundo.

• Depressão: 12 milhões de brasileiros sofrem com depressão, o que representa 5,8% da população, o maior número da América Latina.

• Estresse: a estimativa é que 90% da população mundial conviva com o estresse.

Dessa forma, cada vez mais precisamos abrir espaço de discussão e de diálogo sobre a saúde mental nos diversos espaços em que estamos inseridos, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional, para que, assim, tais transtornos e doenças sejam prevenidos e/ou tratados.

Assim, conversamos com a professora mestra Andressa Maurício, docente dos cursos de graduação em Gestão na Faculdade Phorte e profissional com ampla experiência prática, para entender melhor sobre a questão da saúde mental dos colaboradores de uma empresa e também sobre como o profissional de Recursos Humanos pode agir nesse novo contexto. Confira:

Existem algumas dicas para lidar com a pressão no dia a dia de trabalho, em relação à competitividade, aos prazos apertados, conflitos, momentos de crise?

Primeira dica é buscar o autoconhecimento: Saber quais são as reais dificuldades em lidar com momentos de pressão, competitividade e crise é fundamental.  Por exemplo, dificuldade no planejamento, dificuldade na definição de prioridades, falta de controle emocional, falta de foco, falta de conhecimento técnico para lidar com a questão e outros.

Identificar os pontos fortes também é importante, pois eles representam as nossas forças e podem contribuir para lidarmos melhor com os momentos de dificuldade.

Segunda dica é tentar entender o contexto: Procurar entender a origem das questões pode ajudar na ideia de uma solução.  Um exemplo: os prazos estão constantemente apertados. Por qual motivo isso geralmente acontece? Por desorganização do gestor, que sempre te passa tudo em cima da hora? É possível conversar com ele sobre isso?  Por desorganização sua, que deixa tudo para o final do prazo? O que fazer para reduzir ou eliminar sua procrastinação?  Por um problema processual?  Como é possível melhorar o processo?

Terceira dica é tentar sempre encontrar alternativas que possam contribuir para a questão: Conversar com o seu gestor e expor suas dificuldades de forma sincera serão sempre pontos relevantes. Mas leve junto com a conversa possibilidades de solução para o problema, sendo proativo, e tenha verdadeiramente muito interesse em solucioná-lo. Pensar em alternativas para te desafogar da sobrecarga de trabalho também pode ser uma boa saída. Peça ajuda, reveja o processo, desenvolva-se, melhore suas falhas etc.

Quarta dica é buscar meios de aliviar a tensão: Faça coisas que te tragam prazer e bem-estar. Exercício físico, leitura, bater papo com amigos ou até mesmo assistir a uma maratona de séries podem trazer alívio mental. Agora, sempre que a angústia for grande e impactar no seu dia a dia, procure apoio de um psicólogo.

Quais ações o setor de RH pode implementar para promover saúde mental no trabalho?

Vejo com frequência Recursos Humanos de algumas empresas muito envolvidos em desenvolver aspectos técnicos e comportamentais ligados diretamente ao trabalho. Acredito que os RHs possam fornecer iniciativas que visem ao bem-estar dos colaboradores, como rodas de conversa, momentos de relaxamento, técnicas de meditação e respiração, promoção contínua do bom ambiente de trabalho, palestras regulares sobre saúde mental, ginástica laboral, desenvolvimento de líderes para uma atuação humana e efetiva, desenvolvimento das pessoas para um relacionamento interpessoal adequado e recursos de diagnóstico e apoio psicológico emocional.  É importante lembrar que as pessoas são os maiores recursos de qualquer organização e, portanto, devem ser bem cuidadas e valorizadas.

Quais as vantagens de implementar ações de promoção da saúde mental no trabalho?

As ações de promoção da saúde mental no trabalho podem prevenir o agravamento do adoecimento. O trabalho de prevenção pode ter um impacto fortíssimo e altamente benéfico para as pessoas envolvidas.

No geral, as vantagens podem ser relacionadas à melhoria do ambiente de trabalho, da percepção das pessoas em relação à organização, dos relacionamentos e em relação a si mesmo.

Com o retorno gradual dos trabalhadores para o trabalho presencial, qual é a importância de um programa de saúde mental nesse contexto?

Com a pandemia, nossas emoções foram fortemente testadas. Certamente já não somos mais as mesmas pessoas. Tivemos angústias na vida pessoal, na vida profissional, fomos indelicadamente convidados a sair da zona de conforto, a ser resilientes e, ainda, a pensar fora da caixa, para apoiar nossas empresas nesse momento incerto.

Em contrapartida, aprendemos muito. Quem não aproveitou esse momento para absorver novas formas de fazer, de pensar e de se relacionar perdeu uma grande oportunidade de desenvolvimento.  Num processo de fortes angústias e mudanças como esse em que estamos, cuidar da saúde mental dos colaboradores é uma necessidade das organizações.  Em minha opinião, a importância de se ter um programa como esse começou junto com a chegada da pandemia no Brasil, e não somente agora, mas sempre estamos em tempo de fazer algo pelas pessoas.  No retorno ao trabalho presencial, as pessoas não serão mais as mesmas. Ajudá-las nesse processo de lidar com as emoções, com as descobertas e com o novo cenário da empresa é indispensável.

teste vocacional

Sobre a professora mestra Andressa Maurício

Consultora empresarial, leader coach, life coach, palestrante e docente de MBA em Administração e em Psicologia Organizacional, com 19 anos de atuação profissional em gestão de pessoas, desenvolvimento de pessoas, seleção estratégica e consultoria empresarial em RH. Tem mestrado em Gestão de Pessoas, MBA em Gestão de Pessoas e Pós-Graduação em Psicologia Organizacional e em Gestão de RH. É pós-graduanda em Psicologia Positiva e graduanda em Comunicação Social.

Artigos Relacionados